22.11.05

A Maldição de Montezuma

AH! A “Bi” que trabalha comigo na firma disse que falou com a minha prima na praia e ela me acha um pouco louco por que contei todos os podres da família neste Blog. Não, “Pri” de onde vieram estes causos tem muito mais, a nossa gente é rica em passagens que poderiam render um livro, e que livro! Tipo assim o Guinnes book! Mas o assunto das duas beldades nas areias escaldantes, fora sobre uma vez em que fiquei preso em Cancún, no México.
Não sei, fazem oito anos, naquela época do dólar um por um e os pobres naquele frenezi, realizando as suas mais loucas fantasias. A verdadeira farra do boi. Eu como bom pobre que sou, tinha um livro com uma foto de uma praia paradisíaca, água azulzinha e tranqüila, só uma ilha de areia branquinha e um coqueiro solitário no meio. Parecia um desenho de tão perfeito, e eu dizia pra mim mesmo um dia eu vou neste lugar! Pesquisei com amigos viajados e descobri que se tratava do Caribe, mais especificamente Cancún. OK! Procurei um pacote, pobre adora pacote, escolhi o mais barato, da Aerocancún, aqueles vôos com galinha, mascadores de coca e gaiola amarrada em cima. Marquei as passagens e fui! Na raça e na coragem, na ida tudo bem, na chegada no hotel um pouco de confusão por que nos disseram que um grupo de americanos mal educados não queria desocupar os quartos, tudo bem já era de se esperar deste filhotinhos de Bush. Logo nos primeiros dias em Cancún e fomos avisados que o nosso “paquete” de sete dias fora carpeado em um dia e seríamos reembolsados no valor equivalente. Murmúrios pra cá e reclamações pra lá, e no dia acertado estávamos ás 5hs da manhã no aeroporto. E nada do vôo sair, ameaçavam fazer o embarque e cancelavam, nós pela vidraça avistávamos o avião com o capô aberto fazendo reparos. Inventaram de tudo, está vindo de Miami uma peça para reposição, estamos reparando um probleminha no ar condicionado, e muitas vezes ninguém trabalhava na aeronave. Realmente era estranho. Á noite chamaram todo mundo, enfim íamos voltar ao Brasil, foi aquela festa, todos já sentados em seus assentos no avião, tranqüilos e já se formava grupos para processar a companhia. O avião então se posicionou na cabeceira da pista, acelerou o máximo e no meio da reta aliviou os motores. Estranho. O comandante avisou estamos retornando a plataforma de embarque “tiene que bajar”. Pra quê? Daí o pau comeu! Era aeromoça com medo trancada no banheiro, passageira grávida chorando, pegaram o tubo de oxigênio e batiam na cabine do piloto dizendo “Abre ô merda!” e o “gritirio” estava armado. Eu como bom líder disse: “Deixem que eu sei falar espanhol, graças a mi avuelo Merino”. Entrei na cabine por uma fresta de porta, que o comandante apavorado me abriu, e ele me disse então: “Não quero levantar vôo por que não vou por a vida de vocês em risco, vamos descer e amanhã depois de consertarem aí a gente vai!” A maioria dos passageiros não queria subir mais naquele avião amaldiçoado, nem amarrados. Conversa vai, conversa vem, ficamos mais três dias em Cancún, (que ruim não?) até que nos arranjaram outro avião. Eu liguei pra minha mãe e disse: “Catarina ficamos presos aqui no México, chama a imprensa para sair uma notinhar”. Assim eu poderia acrescentar a reportagem no processo futuro contra a Aerocancún. Dito e feito, a Catarina mexeu com meio mundo quando cheguei faceiro, de chapéu de mexicano e manta. Estava a minha mãe fingindo que chorava de saudades do filhinho, vejam o tamanho do nenê, registrando tudo aquilo a imprensa falada, escrita e televisiva, o mico tava armado. Mico não um King-Kong. Viram de onde eu saí, por isso não dá pra ser mais um rostinho lindo na multidão.

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