Sabe a festa do Argentino que eu fiz lá firma? Tenho uma história maravilhosa, inacreditável e ao mesmo tempo tétrica. Tipo de coisa que só acontece comigo! Depois eu escrevo aqui e ninguém acredita! Vocês lembram que a festa era um “salsichão dançante” no salão paroquial da capelinha, ao lado da empresa. Eu já estava me preparando para ir embora da festa, quando o pastor (que me alugou o local) me ligou: “Sandro, tu estás na festinha? É que acabou de falecer um ancião da nossa congregação, e o velório vai ter que ser aí!” Eu com o telefone na orelha recebia uma notícia daquelas, sei que as coisas não combinavam, as imagens de felicidade das pessoas na festinha, com a aquele clima de fúnebre. “Ah! Sandro só abaixa um pouquinho os funk’s! E como ele era velhinho, não tinha mais família aqui, vai chegar então o rabecão trazendo o caixão, aí, tu manda pôr na capela e acende ás luzes, que eu já vou indo.” Na mesma hora tive que chamar o aniversariante que não acreditou muito em mim e seguiu com a sua confraternização. Bem que ele fez, pois a festa acabou antes mesmo do esquife chegar. Graças á Deus, o presunto não chegou a tempo de acabarmos com o salsichão. Mas toda essa morbidez está inteiramente ligada ao lado que se vê as coisas, se é que se vê. Fui uma vez com meu sobrinho Marwyn, no velório do Tio Zé, marido da Tia Laura, e para não impressionar a criança com a choradeira e a imagem do morto, fiquei dentro do carro, em frente ao clube em Gravataí. O guri não sabia de que se tratava o velório, nem sabia muito sobre a morte, mais parecia uma festa, na sua idéia de criança. Mas para minha surpresa, o corpo não tinha chego ainda. E iam chegando todos os parentes, os tios, os primos e o guri, pior que o Galvão Bueno, narrava, apontava e cumprimentava a todos. Até que chegou o carro fúnebre, com o caixão e descarregaram até o clube e o piá me larga essa: “Olha lá dindo, até o Drácula veio no velório do tio Zé!”
23.4.06
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