27.12.05

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Um amigo meu Brasileiro morando nos Estados Unidos da América, para ajudar no orçamento, está fazendo "bico" de babá. E ele me relatou que ao cuidar de uma menina uma vez cantou "Boi da cara preta" para ela, antes dela dormir. Ela adorou e essa passou a ser a música que ela sempre pede para ele cantar ao colocá-la para dormir. Antes de ele adotar o "boi, boi, boi" como canção de ninar, a canção que cantavam (em Inglês) dizia algo como:
Boa noite,
linda menina, durma bem.
Sonhos doces venham para você,
Sonhos doces por toda noite"... (Que lindo, não é mesmo!?)
Eis que um dia Mary Helen perguntou o que as palavras, da música "Boi da cara preta"
queriam dizer em Inglês: Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega essa menina que tem medo de careta...(???) Como ele iria explicar para ela e dizer que, na verdade, a música "boi da cara preta" era uma ameaça, era algo como "dorme logo, caralho, senão o boi vem te comer"? Como explicar que ele estava tentando fazer com que ela dormisse com uma música que incita um bovino de cor negra a pegar uma cândida menina? Claro que mentiu para ela, mas começou a pensar em outras canções infantis, pois não se sentiria bem ameaçando aquela menina com um temível boi toda noite...

Pensou: Que tal! "nana neném que a cuca vai pegar..."? Caramba!... Outra ameaça!
Agora com um ser ainda mais maligno que um boi preto! Depois de uma frustrante busca por uma canção infantil do folclore brasileiro que fosse positiva se deparou com a seguinte situação: O brasileiro tem é trauma de infância! Trauma causado pelas canções infantis!
Exemplificou sua tese:

Atirei o pau
no gato-to-to
Mas o gato-to-to não morreu-reu-reu
Dona Chica-ca-ca
admirou-se-se
Do berrô, do berrô que o gato deu
Miaaau!

Para começar, esse clássico do cancioneiro infantil é uma demonstração clara de falta de respeito aos animais (pobre gato) e incitação à violência e a crueldade. Por que atirar o pau no gato, essa criatura tão indefesa? E para acentuar a gravidade, ainda relata o sadismo dessa mulher sob a alcunha de "Dona Chica". Uma vergonha!

Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré, marré, marré.
Eu sou pobre, pobre, pobre,
De marré de si.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré, marré, marré.
Eu sou rica, rica, rica,
De marré de si.

Colocar a realidade tão vergonhosa da desigualdade social em versos tão doces! É impossível não lembrar do amiguinho rico da infância com um carrinho fabuloso, de controle remoto, e você brincando com seu carrinho de plástico. Fala sério!

Marcha soldado,
cabeça de papel!
Quem não marchar direito,
Vai preso pro quartel.

De novo, ameaça! Ou obedece ou você vai se fuder..... Não é à toa que o brasileiro admite tudo de cabeça baixa....

A canoa virou,
Quem deixou ela virar,
Foi por causa da (nome de pessoa)
Que não soube remar.

Ao invés de incentivar o trabalho de equipe e o apoio mútuo, as crianças brasileiras são ensinadas a dedurar e a condenar um semelhante. Bate nele,mãe!

Samba-lelê tá doente,
Tá com a cabeça quebrada.
Samba-lelê precisava
É de umas boas palmadas.

A pessoa, conhecida como Samba-lelê, encontra-se com a saúde debilitada é necessita de cuidados médicos. Mas, ao invés de compaixão e apoio, a música diz que ela precisa de palmadas!

O anel que tu me deste
Era vidro e se quebrou.
O amor que tu me tinhas
Era pouco e se acabou...

Como crescer e acreditar no amor e no casamento depois de ouvir essa passagem anos a fio?

O cravo brigou com a rosa
Debaixo de uma sacada;
O cravo saiu ferido
E a rosa despedaçada.
O cravo ficou doente,
A rosa foi visitar;
O cravo teve um desmaio,
A rosa pôs-se a chorar.

Desgraça, desgraça, desgraça! E ainda incita a violência conjugal (releia a primeira estrofe).
Precisamos lutar contra essas lembranças, meus amigos! Nossos filhos merecem um futuro melhor!
Valeu o apoio galera! Vamos lançar a campanha contra cantigas de ninar!

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